ARTIGO: Prefeitura de Assis e o enterro da ferrovia

Infelizmente, a Prefeitura de Assis enterra o passado, presente e o futuro da ferrovia que corta o município, mas, em alguma hora a conta do enterro vai chegar para todos os munícipes da cidade.

Ao enterrar o pátio da Estação Ferroviária da cidade, a Gestão “Cuidando de gente” enterra o passado pela história de mais de 140 anos da extinta EFS (Estrada de Ferro Sorocabana) junto com todo o progresso que ela trouxe para o oeste do estado, o presente por desrespeitar as leis e o patrimônio público da União (patrimônio meu e seu) e o futuro, pela reativação do trecho ferroviário Presidente Epitácio/Botucatu.

A malha da antiga Sorocabana (que já foi gerenciada pela FEPASA, Ferroban e ALL) hoje pertence a concessão da Malha Paulista, que é administrada pela RUMO Logística, chegou em Assis em 1914, com ela muitos funcionários e um dos maiores depósitos e oficinas de locomotivas do Estado de São Paulo (Hoje abandonado pela Prefeitura, com a “promessa” de urbanizar 1,5km de linhas e de transformar o espaço em um centro de eventos), mas parou de receber trens entre 2014/15, onde seu último trem de carga passou pela linha, saindo da distribuidora de combustível na cidade de Presidente Prudente.

Depois da greve dos caminhoneiros de 2018, o Brasil tenta se localizar com “novas” rotas e rumos para escoar sua gigantesca produção. Pensando assim, o próprio Governo Federal da época pensou em investir mais na malha ferroviária (e o atual também está com o mesmo discurso), cujo transporte sai mais barato do que se transportar via caminhões.

No rumo da ferrovia e do desenvolvimento comercial e industrial de suas regiões, a cidade Presidente Epitácio reconstruiu seu Porto Multimodal (o antigo inundado pelo represamento do rio) que liga a linha férrea com a hidrovia do Rio Paraná, para escoamento de cargas como colheita de plantações e principalmente farelo de soja. A Prefeitura de Prudente e a UEPP (União das Empresas de Presidente Prudente) cobram a RUMO Logística pela reativação da ferrovia para escoamento de todas as cargas produzidas pela região gerando assim, maior capacidade de produção e mais empregos. Já a Prefeitura de Paraguaçu Paulista, cumprindo a lei, entrou em um acordo com a operadora logística para visar fomentar o turismo na cidade pela mais velha maria fumaça em atividade no Brasil, o Trem Moita Bonita.

Já no rumo errado, Assis anda para trás, não pensa no futuro, tapando todas as passagens de nível e asfaltando o pátio da ferrovia, para dar lugar aos ônibus velhos da frota da Prefeitura, assim, jogando por água abaixo os esforços das empresas de Presidente Prudente e de um Porto Multimodal novo que está esperando o trem voltar, quem sabe um dia. A obra foi denunciada para a ANTT, que enviou um Ofício nº 227/18 solicitando informações a RUMO Logística, a mesma respondeu com a Carta nº 1365/18 pedindo a reintegração de posse da área e assim, conseguindo o embargo da obra.

O que mais me entristece (além de ser neto de ferroviário) é ver a passividade da imprensa que não denunciou a obra irregular e até das próprias empresas de Assis, não cobrarem do Poder Público a volta da ferrovia, enterrando assim, o futuro de uma região que tinha um potencial econômico e foi trocado por objetivos pessoais, promessas de secretários e até mesmo, servindo como palanque eleitoral, deixando milhares de passageiros no relento, tomando chuva e sol, pensando na reeleição de 2020.

O enterro já está marcado, dia 30 de janeiro, com todas as autoridades municipais. Mas lembre-se, uma hora a conta do enterro vai chegar e a gente vai ter que pagar mais essa.

José Carricondo Júnior é publicitário e neto de ferroviário

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