A348 – O adeus ao bom baiano Kita Amorim

Ao som da voz embargada da esposa Mônica da Silva, interpretando, aos soluços, um dos sambas enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, o esquife do bom baiano Euclides Messias Amorim, o Kita Amorim (foto abaixo), que morreu aos 58 anos, foi levado ao jazigo localizado na quadra 21 do Cemitério Municipal da Saudade, em Assis, no final da tarde deste domingo, dia 10 de novembro.

Alguns, entre as dezenas de amigos que acompanhavam o cortejo da sala 7 do Centro Funerário São Vicente até a última morada, ostentavam, em silêncio, bandeiras das paixões do bom baiano: Partido dos Trabalhadores (partido que era filiado e era dirigente estadual), Escola de Samba Unidos da Vila Operária (agremiação onde sua esposa é presidente e ele era diretor), Sociedade Esportiva Palmeiras (clube do coração em São Paulo, além do Bahia, de seu estado natal), Instituto do Negro Zimabuê (do qual era dirigente), VOCEM (clube da cidade que ele presidiu o Conselho Deliberativo no retorno ao futebol profissional era torcedor) e um estandarte do bloco de carnaval ‘Saci Tá Manco’, do qual ele era fundador e responsável.

Irmãos, pais, esposa e filho receberam as condolências deste o final da tarde de sábado, dia 9 de novembro, quando foi anunciada sua morte, num dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital e Maternidade de Assis, onde ele deu entrada com falta de ar, duas semanas atrás.

O diagnóstico apresentado pelos médicos foi de H1N1. Foi necessário, urgentemente intubá-lo.

Desde então, os dias foram de muitas orações, mas o corpo não respondia às medicações, até que ele descansou.

ATIVISTA – Desde que chegou em Assis, para cursar história na década de 90, Kita Amorim, rapidamente, foi cativando amigos e companheiros.

Logo ele encontrou a companheira Mônica, que esteve ao lado até quando ele respirou. Juntos, tem o filho João Marcos, saindo da adolescência, mas com olhar e comprometimento de um adulto.

Apaixonado por leitura. trabalhou na imprensa escrita e falada de Assis e chegou a dirigir o semanário Jornal da Segunda por anos. Participava, assiduamente, de uma reunião mensal dos amigos para discutir alguma sobra literária.

Sua paixão pela cultura, o levou a ocupar um cargo na Fundação Assisense de Cultura e teve destacada atuação no criação do Galpão Cultural, equipamento de cultura popular na cidade.

Também criou, junto com a esposa, o Instituto do Negro Zimbauê e o bloco de carnaval ‘Saci Tá Manco’, que desfilava duas vezes ao ano, nas ruas da vila Operária e nas imediações do extinto Bar do Vicente, ao lado do Mercado Modelo.

Torcedor do Palmeiras, sempre assistia aos jogos do Palestra pela TV na Padaria do Alex, na vila Xavier.

Quando não estava em viagem a serviço do Partido dos Trabalhadores, do qual era dirigente estadual, Kita Amorim não falta aos jogos do VOCEM no estádio Tonicão, onde fazia questão de ir com sua camisa personalizada e criada por ele.

Artista digital, foi responsável pela identidade digital da Unidos da V.O. e do PT de Assis, em várias campanhas eleitorais.

Era um dirigente partidário que fazia questão de atuar nos bastidores, mas sempre envolvido nas campanhas locais do PT. Adorava fazer análises de conjuntura, sempre baseado em dados científicos, que ele próprio armazenava após coleta de números oficiais.

Três dias antes de ser internado, coordenou uma reunião com todos os candidatos do PT de Assis que disputaram as eleições de 6 de outubro.

O bom baiano partiu, mas deixou um legado na cultura, política, além de uma legião de amigos e companheiros.

“Kita, presente!” foi a frase em sua despedida, acompanhada de uma salva de palmas.

Kita Amorim
Imagem: Gisele Rodrigues

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