Fala, Júlio Garcia – O refrigerante com história

Reli, há pouco, o delicioso livrinho de Tom Standage, editor-executivo da revista The Economist, que resgata a história da Coca-Cola e as inúmeras polêmicas que a bebida provocou ao longo dos anos. O livro, publicado há algumas décadas no Brasil pela editora Zahar, chama-se História do Mundo em 6 copos. Revela, por exemplo, que os comunistas franceses acusavam o fabricante da bebida de financiar grupos armados em massacres contra populações da Coréia, nos anos 50, ou do Vietnã, nos anos 60!…

Robert Goizueta, um alto executivo da empresa, rebatia com ironia criativa: “Há um bilhão de horas, a vida humana apareceu na Terra. Há um bilhão de minutos, surgiu o cristianismo. Há um bilhão de segundos, os Beatles mudaram a música. Há um bilhão de Coca-Colas, era ontem de manhã.”

Standage conta que a bebida foi inventada por John Pemberton, em 1886, e era uma mistura de ingredientes para cura de dor de cabeça. Pemberton era, na verdade, de acordo com Standage, um experiente produtor de remédios patenteados, mas, também, alguns falsos, bastante populares nos EUA.

Rolava, na época, um debate aquecido, a respeito do uso medicinal de uma nova droga, a cocaína, isolada de uma planta chamada coca, original da América do Sul. Pemberton passou a usar essa droga em sua bebida, associada ao extrato de uma noz com nome de cola, trazida da África Ocidental. A noz de cola é rica em cafeína, também estimulante como a cocaína.

Os dois estimulantes geraram o nome que consagrou a bebida. Os primeiros anúncios definiam a Coca-Cola como poderoso remédio para dor de cabeça de homens de negócios atormentados e exaustos. Outros anúncios a recomendavam para mulheres e crianças, mas ainda como tônico farmacológico.

Em 1898, o governo norte-americano impôs uma taxa sobre remédios. O novo dono da bebida, Asa Candler, que comprara a fábrica de Pemberton, a registrou como refrigerante para ter isenção de imposto. Mais uma astúcia na história da bebida, que, é preciso ressalvar, já não continha cocaína e cafeína nos ingredientes.

Sem querer estabelecer relação de causalidade, até hoje os “adversários” da bebida destacam, amiúde, que John Pemberton morreu de câncer de estômago, o que é fato. Mas, mera coincidência, segundo especialistas. Cada uma!…

Encerrando, devo admitir que esse lero-lero em torno da Coca-Cola deu-me sede. Por isso, peço licença aos pacientes leitores para ir tomar um copinho. De suco.

fala, julio garcia

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