ARTIGO: Adiós, Maradona!

Por: Inocência Manoel

Ele nunca foi perfeito, a não ser quando estava com a bola nos pés.

Menino pobre da periferia de Buenos Aires, filho de operário, tinha tudo para ser mais um craque fabricado pelo futebol, mas Diego Armando Maradona Franco, na minha opinião, tornou-se mito por muito mais.

Era falho.

Errava.

Tinha fraquezas.

Sangrava.

E, ao contrário dos ídolos esportivos fabricados para serem perfeitos, nunca se escondeu quando as coisas não iam como o planejado.

Com apenas 15 anos de idade começou a carreira meteórica. Participou de 692 jogos, marcou 358 gols e se aposentou quando tinha 37 anos.

Uma trajetória marcada por muitos altos e baixos, porque, antes de mais nada, Maradona era humano. E é isto que gosto nele: ao sangrar, se expunha para que soubessem que era gente. Ia para a arena nos momentos de consagração e de fracasso.

Peronista assumido, se destacava por suas posturas políticas, marcadas não somente na sua pele, mas em suas palavras e atitudes. Foi Cuba o lugar escolhido para fazer sua desintoxicação de drogas.

Em suas últimas manifestações políticas, publicou no Instagram uma foto do casebre onde viveu na infância, na favela de Villa Fiorito, no sul de Buenos Aires, para defender a iniciativa do governo de criar um imposto temporário sobre grandes fortunas.

Dramático como um tango argentino, carregava a alma do povo. Aliás, descobri este outro seu lado: Nos anos 80, Maradona gravou “”El Sueño Del Pibe”, um tango sobre um menino que recebeu convocação de um clube de futebol e sonha em se tornar uma das maiores estrelas do esporte.

“Mãezinha querida, vou ganhar dinheiro, serei um Maradona, um Kempes, um Olguín (…) Você vai ver que lindo quando no campo meus gols forem aplaudidos, serei um vencedor”, diz a letra.

Maradona é drama, é rebeldia e resistência. Ele simboliza sonhos de meninos e os caminhos tortuosos da vida adulta. Escolhas, consequências e vulnerabilidades. Quer ato mais heroico do que se mostrar humano nos dias de hoje?

Adiós, Maradona!

As pessoas que têm sua coragem nunca saem de campo.

A autora Inocência Manoel é empresária e colaboradora do JSOL  Jornal da Segunda On Line

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