MEMÓRIA MARIANA – Hélio, aposentado ‘da bola’, se dedica ao artesanato

Ele é, reconhecido por todos torcedores, um dos melhores goleiros da história do VOCEM. Hélio Aparecido Ferraz, hoje, aos 57 anos de idade, está aposentado, morando em Sorocaba e fazendo o que sempre gostou, mesmo quando jogava futebol profissionalmente: artesanato.

A coluna Memória Mariana conta a trajetória e a carreira do goleiro Hélio, dono de grandes defesas com a camisa número 1 do ‘Esquadrão da Fé’

ANTES – A carreira do goleiro Hélio teve início em 1979, no Esporte Clube São Bento de Sorocaba, quando ele tinha 16 anos de idade. Jogando nas categorias de base, Hélio recebeu a confiança da diretoria e foi profissionalizado em 1982, quando a equipe disputava o Campeonato Paulista da 1ª Divisão.

No ano de 1985, o goleiro foi emprestado para o Paulista de Jundiaí, que havia conseguido o acesso à principal divisão depois de ter eliminado justamente o VOCEM no quadrangular final do ano anterior, com duas vitórias sobre o clube de Assis: 1 a 0 no estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, em Marília, e 7 a 1, no estádio do Parque Antártica, na capital.

Em 1986, uma grave lesão afastou Hélio dos gramados e ele passou meses no Departamento Médico do São Bento de Sorocaba, até que, já recuperado, no ano seguinte, o então diretor do VOCEM, Mauro dos Santos, resolveu trazer vários jogadores de Sorocaba para Assis, entre eles o goleiro Hélio.

Junto com a maioria do grupo, Hélio permaneceu titular no clube mariano, ajudou a conquistar o acesso com uma vitória histórica sobre o rival Clube Atlético Cândido-motense no estádio municipal Marcelino de Souza e teve seu contrato renovado por mais uma temporada, onde dividiu a meta com o bom goleiro Bertoza.

Perguntado sobre a melhor lembrança do tempo que esteve no VOCEM, o goleiro Hélio elege sua primeira passagem pelo clube mariano, em 1987. “Quando nós chegamos na cidade, os atletas eram desacreditados. Os jogadores não eram vistos como ‘atletas’. Para grande parte da cidade, jogador era sinônimo de vulgaridade. Nosso grupo conseguiu reverter essa má impressão. O nosso estádio lotava e a gente frequentava bons lugares, nos dias de folga”. Um fato ficou gravado na cabeça do goleiro: “Eu me lembro da ‘Catedral do Samba’, em que os donos não abriam no domingo à noite, e nós pedimos para funcionar após os jogos. Eles passaram a abrir para nos receber e a casa sempre ficou lotada, sem ter qualquer problema. Isso me marcou muito”, recorda.

Esse episódio, segundo o goleiro, fez com que a cidade passasse a ver os “atletas com outros olhos. Foi gratificante para todos nós”, comemora, mais de 30 anos depois.

Outra lembrança que não sai da memória do ex-goleiro do VOCEM era a cobertura que a imprensa -rádios e jornais- dava ao clube naquela época. “Me lembro de repórteres na república (alojamento), nos treinos e nos dias dos jogos. A cidade respirava futebol e a cidade inteira nos conhecia”, conta.

Dentro de campo, o que mais marcou nos três anos como goleiro mariano foi a presença da torcida nos jogos. “Esses três anos na minha carreira de atleta foram maravilhosos”, resume.

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O goleiro Hélio defendendo o VOCEM em 1988

DEPOIS – Após deixar o VOCEM, o goleiro Hélio retornou para o clube de origem, em Sorocaba. Em 1989, disputou o Paulistão pelo São Bento, e acabou sendo emprestado para a Esportiva de Guaratinguetá ao final do primeiro semestre.

Em 1990, o goleiro Hélio foi defender o Central Brasileiro, na cidade de Cotia-SP, onde atuou com os experientes jogadores Luís Pereira (zagueiro ex-Palmeiras e Seleção Brasileira) e Wladimir (lateral esquerdo ex-Corinthians e Seleção Brasileira). “Montaram uma verdadeira seleção naquele ano”, se recorda.

No ano de 1991, a comissão técnica recolheu Hélio ao São Bento para mais uma temporada. Após o Paulistão, novamente foi emprestado. Desta vez,  para o Paulistano, de São Roque.

O ano de 1992 foi o ‘ano da alforria’, quando o goleiro disputou mais uma temporada pelo São Bento, na Divisão Intermediária, e conquistou o seu passe, estando liberado para negociar seus próximos contratos.

Dono do passe, novamente contratado por Mauro dos Santos, Hélio voltou para o VOCEM em 1993, onde quase levou o clube às finais da divisão no estádio Tonicão.

“Esse ano foi muito difícil. Tivemos aquela batalha campal em José Bonifácio, onde perdemos sete titulares expulsos para o jogo decisivo contra o Estrela de Porto Feliz e eu joguei no sacrifício, em decorrência das agressões sofridas no jogo em Bonifácio”, se recorda. O VOCEM perdeu e acabou sendo eliminado, em pleno estádio Tonicão.

Após a frustrada tentativa de acesso no VOCEM, o goleiro Hélio foi contratado pelo Marília, onde sofreu uma grave lesão num jogo contra o XV de Novembro, de Jaú, e foi obrigado a interromper a carreira, definitivamente, como jogador profissional. “Parar, a gente nunca para!”, brinca ele, que até hoje disputa campeonatos para atletas com mais de 50 anos de idade na região de Sorocaba.

Além da contusão sofrida em Marília, o nascimento de uma das filhas fez com que ele decidisse ‘parar com a bola’ e voltar para Sorocaba, onde passou a fazer do seu hobby, o artesanato, uma maneira de complementar a renda familiar.

“Eu sempre gostei do artesanato e foi uma dádiva de Deus para eu transformar madeira bruta em móveis e outros objetos”, explica.

Comercialmente, Hélio trabalhou por mais de 12 anos com artesanato, até decidir mudar de ramo e se arrepender, quando montou uma lanchonete. “Aquilo é uma cadeia de porta aberta”, brinca hoje, ao se lembrar da experiência.

Na sequência, se arriscou, a montar uma espécie de restaurante em sua residência e vender refeições. “Meu Deus, nunca trabalhei tanto na vida”, brinca, ao se lembrar.

Graças a um amigo, com que jogava futebol aos finais de semana, Hélio conseguiu um emprego para ser coordenador de pintura de imóveis numa grande construtora. “Lá, consegui os anos de registro na carteira profissional que faltavam para eu me aposentar”, explica.

Agora, aposentado, o ex-goleiro do VOCEM só “se diverte” com o artesanato em companhia dos netos em sua casa, na cidade de Sorocaba, onde recebe os amigos, mas não recusa um convite para um futebol aos finais de semana, disputando torneios na região para atletas com mais de 50 anos de idade.

FAMÍLIA – Hélio Ferraz teve quatro filhos: Felipe, Lilian, Giovana e Júlia, que lhe deram quatro netos: Joaquim, Lucy, Antony e André. “Eu fui abençoado. Em três meses, vieram três netos”, orgulha-se o goleiro Hélio, que teve parte de sua história registrada na coluna Memória Mariana.

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O goleiro Hélio continua jogando aos finais de semana

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